Portanto deixará o homem o
seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.
Gênesis 2:24
Casar é um dos maiores
passos que um ser humano pode dar em sua vida. E, infelizmente, muitas pessoas
vivem a realidade de um casamento frustrante. Mesmo entre cristãos, os
problemas de brigas conjugais, violência doméstica e divórcio têm se tornado
cada dia mais comuns.
Trabalho realizando palestras para casais,
terapia de casal, além dos atendimentos individuais a cônjuges que estão
sofrendo emocionalmente. No ano passado, no artigo “Até que o casamento os separe“, compartilhei alguns dos
maiores segredos dos casais felizes. Hoje quero compartilhar com você mais uma
dica para lhe ajudar a ter um casamento feliz.
Conheça melhor a si mesmo e ao seu cônjuge
Se eu perguntasse a você qual é a pessoa
nesse planeta que mais conhece o seu marido, ou a sua esposa, você me
responderia o quê? Você?
Os cônjuges costumam ser as pessoas que mais
se conhecem, mas isso não significa que eles se conhecem o suficiente. Na maior
parte do tempo, conhecemos o outro a partir de nós mesmos. Fazemos uma leitura
sobre os hábitos e costumes do outro, sua personalidade e seu caráter, a Entender
o outro a partir de nós mesmos é absolutamente normal, mas para superar crises
conjugais é preciso mais do que isso. Na verdade, isso, muitas vezes, está na
raiz dos conflitos conjugais. É preciso conhecer o outro a partir do olhar
dele, da cultura dele, das crenças dele. E isso é desafiador.
No processo terapêutico, auxiliamos os casais
a fazerem isso. O que significa para você, por exemplo, o comportamento do seu
marido de deixar o sapato no meio da casa, ao invés de colocar na sapateira? Ou
o que significa para você o comportamento da sua esposa lhe dizer onde você
deveria ter pendurado seu casaco, ou colocado seu sapato?
Há nove anos, quando Marquinhos e eu nos
casamos, nossas diferenças eram gritantes. Havíamos crescido em regiões
diferentes do Brasil, culturas diferentes, criações diferentes e, por mais que
tivéssemos muitas coisas em comum, as diferenças se tornaram muito evidentes
desde que a festa do casamento acabou.
Ele, por exemplo, costumava chegar em casa,
tirar os sapatos e deixá-los em qualquer lugar. E eu, todas às vezes, ao ver o sapato
no meio do caminho, pedia que ele guardasse no lugar. E apesar de ser uma coisa
pequena, ambos ficávamos aborrecidos nessas circunstâncias. Por quê? Porque
alguns de nossos valores estavam sendo violados.
Regras, crenças e valores.
Todos temos regras, crenças e valores. E
quando nossas regras ou crenças são feridas, isso nos gera algum incômodo. Mas
quando um valor é violado, isso mexe muito conosco.
Marquinhos tem um valor que se chama
“liberdade”. E eu tenho um valor que se chama “organização”. Quando ele deixava
o sapato no meio da casa, ele feria o meu valor “organização”, e quando eu
chamava a atenção dele, eu feria o seu valor “liberdade”. E ambos se aborreciam
porque os valores fazem parte do conjunto das coisas mais importantes para nós.
Compreender isso foi essencial para
solucionarmos o mal-estar que sentíamos naquelas ocasiões e convivermos bem com
nossas diferenças. E esse é apenas um exemplo de algo pequeno, mas corriqueiro,
que pode afetar profundamente um relacionamento conjugal.
Algumas mulheres se aborrecem ou se magoam
com seus maridos porque interpretam suas ações como sendo desrespeito, falta de
colaboração, falta de amor. E muitos maridos fazem o mesmo, quando na verdade,
o que precisavam era se permitir compreender o que aquele comportamento
significa para a outra pessoa.
O que o sapato fora do lugar significa para
quem o coloca ali? O que o pedido de guardar o sapato no lugar significa para
quem o faz? Quando conhecemos as regras, as crenças e, principalmente, os
valores do nosso cônjuge, muita coisa se torna mais leve na relação. Muitas
vezes, o significado de suas ações mudam completamente e, ao invés de gerarem
descontentamento ou conflito, se tornam algo com o qual podemos lidar de forma
tranquila.
Após nove anos de casada, ainda guardo, quase
que diariamente, os sapatos nas sapateiras. Eventualmente, ele mesmo se lembra
e o faz. Mas isso não produz nenhum sentimento negativo em mim. Conhecer seus
valores e os valores do outro tem mudado o relacionamento conjugal de outras
pessoas a quem atendemos. Isso pode fazer você ter um casamento feliz também.
Karyne Correia
Fonte: https://noticias.adventistas.org/pt/coluna/karyne-correia/como-ter-um-casamento-feliz/
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