quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

VISÕES DE MUNDO E LEI

 E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. Miquéias 4:2

A maioria das pessoas admite que apoia visões de mundo que incentivam alguma forma de observância da lei. No entanto, se o conceito de observância da lei for influenciado principalmente pelos códigos legais de seus países, pode haver uma diferença crucial entre o entendimento judaico-cristão da lei e outras fórmulas.

O Dr. Joel Hoffman destaca uma diferença raramente mencionada entre os Dez Mandamentos e outros códigos legais. Ele faz uma ilustração de um adolescente sem escrúpulos que planeja garantir seu futuro financeiro casando-se com uma mulher mais velha e rica, matando-a e enfrentando 7 a 12 anos de prisão. Ele pesa as consequências e conclui que sairia da prisão com cerca de 30 anos, mas seria rico pelo resto da vida. Ele decide que vale a pena. Hoffman então diz que não há nada no corpo da lei americana que diga que ele não tenha o direito de fazer esse cálculo. Em nenhum lugar a lei americana declara que, se ele estiver disposto a cumprir a pena, ainda assim não deve cometer o crime.

É aqui que os Dez Mandamentos se destacam, precisamente porque não declaram consequências específicas por sua desobediência. Eles são a lei moral, não uma lei jurídica. Naturalmente, mais tarde, esses mandamentos também constituíram o código legal da nação de Israel. Mas eles nos dizem o que fazer e o que não fazer não para evitar certas consequências específicas, mas porque Deus está comunicando o que é moralmente certo e o que é moralmente errado, algo que a lei americana não faz (a América é provavelmente representativa de outros países nesse sentido). Talvez seja por isso também que os Dez Mandamentos não sejam apresentados como “mandamentos”, mitsvot, mas como “palavras”, debarim (Êx 20:1; ver Joel M. Hoffman, Interpreting Language [Interpretando a Linguagem], citado em 22 dez de 2018. ).

Como cristãos adventistas do sétimo dia, na posição de instrutores, precisamos comunicar a singularidade da lei divina para a próxima geração. Muitas vezes contextualizamos os Dez Mandamentos como um código legal para “assustar” os jovens e os levar à obediência, mas, ao fazermos isso, podemos destituir a lei de Deus de sua autoridade moral única. Qualquer tirano tolo pode fazer uma lei por capricho e ordenar subserviência sob pena de morte. Em vez de motivar as pessoas a obedecer às leis de Deus listando consequências graves, talvez nós, como instrutores, possamos comunicar o privilégio de conhecer e entender o que é a lei moral de Deus (e do Universo). E isso é apenas o começo. Ter essas leis e princípios morais inscritos no coração e na mente pelo Espírito de Deus, para que possamos refletir Seu caráter, é um privilégio quase além da compreensão, sem mencionar as tremendas e inúmeras bênçãos que resultam desse procedimento (Jr 31:35; Rm 8:4). Compare isso com a moralidade massivamente confusa do mundo e sua consequente dor, e seria de se esperar que as pessoas ansiassem aprender as leis de Deus e, então, tivessem a vida transformada por elas (Is 60:1-3; Mq 4:2).

Fonte: https://mais.cpb.com.br/licao/os-olhos-do-senhor-a-cosmovisao-biblica/

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