segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

BREVE REFLEXÃO SOBRE A COMUNIDADE COSMOPOLITA

 Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Isaías 1:17

Independente de outros conteúdos associados a ele, o “cosmopolitismo” da nova elite global é certamente seletivo. É singularmente inadequado para o papel de “cultura global”: o modelo não pode ser espalhado, disseminado, compartilhado universalmente, usado como padrão a imitar numa missão de proselitismo e conversão. Como tal, é diferente das culturas que conhecemos e sobre as quais ouvimos falar, aqueles diferentes modelos da “vida decente e apropriada” que, durante a era moderna, costumavam ser expostos aos olhos do “povo” por seus líderes intelectuais, professores, pregadores e outros “reformadores”. O estilo de vida “cosmopolita” dos novos atores em secessão não foi feito para imitação das massas, e os “cosmopolitas” não são apóstolos de um modelo novo e melhor de vida, nem são a vanguarda de um exército em marcha. O que esse estilo de vida celebra é a irrelevância do lugar, uma condição inteiramente fora do alcance das pessoas comuns, dos “nativos” estreitamente presos ao chão e que (caso decidam desconsiderar os grilhões) vão encontrar no “amplo mundo lá fora” funcionários da imigração pouco amigáveis e severos em lugar dos sorridentes recepcionistas dos hotéis. A mensagem do modo “cosmopolita” de ser é curta e grossa: não importa onde estamos, o que importa é que nós estamos lá”.

(Comunidade: a busca por segurança no mundo atual, Zygmunt Bauman, p. 54 e 55).

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