“Eu tinha vontade de pedir desculpas ao nosso
cachorro por eu pertencer à raça humana. Quanto mais adentrávamos o campo de
concentração e víamos os esqueletos revestidos de pele e as instalações
características do campo de extermínio, tanto mais eu me sentia inferior ao
cachorro, porque, como pessoa, eu pertencia à raça responsável por Dachau.”
Assim, o rabino militar norte-americano Eli Bohnen descreveu seus sentimentos
no momento da libertação do campo de concentração de Dachau, em 29 de abril de
1945, há exatos 74 anos.
Construído em 1933, foi o primeiro campo de
concentração nazista. Chegou a ter mais de 188 mil presos, de 30 países.
Segundo os próprios registros nazistas, 31.951 presos foram executados, mas o
número deve ter sido muito maior. Outras pesquisas indicam que pelo menos 3 mil
religiosos também estiveram presos lá. Doze anos depois, chegou o dia da
libertação. Pouco mais de 30 mil presos foram resgatados pelas tropas
norte-americanas.
Situações como essa nos remetem aos últimos dias
quando, segundo a Bíblia, muitos serão perseguidos e oprimidos por sua fé.
Algumas das cenas de Dachau se repetirão. Segundo Ellen White: “O tempo de
agonia e angústia que está diante de nós exigirá uma fé que possa suportar o
cansaço, a demora e a fome – fé que não desfaleça ainda que severamente
provada” (O Grande Conflito, p. 621).
Como poderemos resistir diante de uma situação tão
desafiadora? Gosto de pensar na anestesia de Deus. Para entendê-la é só nos
lembrarmos dos mártires que deram a vida por sua fé. A história relata que
muitos morreram queimados ou devorados por feras e estavam cantando e orando.
Como alguém pode ser queimado e cantar?
É preciso entender que, quando um filho chega ao
limite de sua fé, Deus o toma nas mãos e o “anestesia”. Esse “procedimento” não
impede a dor física, mas tranquiliza o coração, enchendo a vida de esperança ao
realçar na mente do mártir a recompensa futura.
No momento certo, como em Dachau, o Senhor dará a
libertação. Somente conseguiremos enfrentar a perseguição permanecendo
pacientes na provação e perseverantes na oração. Os “pacientes” de Deus são
sempre “anestesiados” com paz, fé e esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário