A palavra grega
traduzida como “carga” em Gálatas 6:5 é baros. Ela se referia
literalmente a um grande peso ou carga que alguém tinha que carregar por uma
longa distância. Com o passar do tempo, no entanto, ela se tornou uma metáfora
para qualquer tipo de problema ou dificuldade, como o fardo de uma longa
jornada de trabalho em um dia quente (Mt 20:12). Embora o contexto imediato da
ordem de Paulo de “[levar] as cargas uns dos outros” certamente incluísse as
falhas morais dos irmãos mencionadas no verso anterior, o conceito de carregar
os fardos, que ele tinha em mente, era muito mais amplo. A orientação de Paulo
revela várias noções espirituais sobre a vida cristã que não devem ser
negligenciadas.
Primeiramente, como
observou Timothy George, “todos os cristãos têm fardos. Nossos fardos podem ser
diferentes em tamanho e forma e podem ser de natureza variada, dependendo da
ordem providencial de nossa vida. Para alguns, é o fardo da tentação e as consequências
de uma falha moral, como está em Gálatas 6:1. Para outros, pode ser doença
física, distúrbio mental, crise familiar, falta de emprego, opressão demoníaca
ou uma série de outras coisas; mas nenhum cristão está isento de fardos” (Galatians [Gálatas],
p. 413).
Em segundo lugar, Deus
não pretende que carreguemos sozinhos todos os nossos fardos. Infelizmente,
muitas vezes estamos muito mais dispostos a ajudar os outros a levar seus
fardos do que a permitir que os outros nos ajudem a carregar os nossos. Paulo
condenou essa atitude de autossuficiência (Gl 6:3) como orgulho humano, quando
nos recusamos a admitir que também temos necessidades e fraquezas. Esse orgulho
não apenas nos priva do conforto dos outros, mas também impede os outros de
cumprir o ministério que Deus os chamou a realizar.
Finalmente, é por meio
de nossas ações que o conforto de Deus se manifesta. Esse conceito está
fundamentado no fato de que a Igreja é o corpo de Cristo. Um exemplo disso está
nas palavras de Paulo: “Porém Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com
a chegada de Tito” (2Co 7:6). Observe que “o consolo divino não foi dado a
Paulo na sua oração pessoal e espera pelo Senhor, mas por meio da companhia de
um amigo e pelas boas notícias que ele trouxe”.
“A amizade humana, na
qual levamos as cargas uns dos outros, faz parte do propósito de Deus para Seu
povo” (John R. W. Stott, The Message of Galatians [Mensagem
aos Gálatas], p. 158).
Fonte/Base: http://mais.cpb.com.br/licao/o-evangelho-e-a-igreja/
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