Enquanto vivi no Canadá, veio-me às
mãos um texto que traduzi. Trata-se, aparentemente, de uma bela mensagem de
ânimo e motivação. O texto refere-se a um momento crítico na vida da águia que
a força a tomar uma decisão drástica. Veja o relato:
"A águia, o pássaro que mais vive
em sua espécie, chega até 70 anos. Mas, aos 40 anos, uma águia depara-se com
uma crise extraordinária. Ela deve então escolher renovar-se ou morrer. Aos 40
anos, suas garras estão compridas e flácidas. Ela já não consegue caçar ou segurar
o alimento. Seu bico torna-se longo e curvo. Suas asas, pesadas em razão das
penas velhas, estão apertadas contra o peito. Uma alternativa é deixar-se
morrer. A outra é recolher-se nas alturas de um pico solitário. Aí a águia
comprime-se contra o paredão e inicia um processo de renovação que dura 150
dias. Primeiramente, ela raspa o bico contra a parede até arrancá-lo e espera
que o novo bico nasça. Então, ela arranca as garras enfraquecidas para que
outras, novas e possantes, as substituam. Finalmente, ela retira suas penas
velhas para que outras robustas surjam no lugar. Cinco meses depois, a águia
inicia, como nova, o que se chama de voo da renovação, para viver mais 30
anos!"
Extraordinário, não? Usei essa
ilustração uma ou duas vezes, fazendo as aplicações óbvias para a vida cristã,
que com a rotina se desgasta e envelhece. Pensei em incluí-la neste livro, com
esse mesmo objetivo. Mas descobri um sério problema com a narrativa: ela não é
verdadeira! Busquei várias fontes, consultei livros e especialistas, mas
consistentemente tais fontes apresentam as incorreções científicas e lógicas
que tornam a história improvável. A mais evidente: como poderia a águia
sobreviver cinco meses sem o bico? Em resumo, é pura lenda.
Às vezes, penso seriamente sobre a
origem das "lendas". E o que dizer dos boatos tão comuns sobre
pessoas que conhecemos? Como devemos agir diante de inverdades que destroem
vidas e reputações? Não creio que a ilustração da águia, embora uma lenda,
possa causar grandes males, mas esse não é o caso de outras
"estórias" inventadas, ampliadas ou maldosamente divulgadas pela
maledicência dos que se julgam superiores por terem informações
"privilegiadas". Diante de um boato, pergunte-se: É verdadeiro? É
necessário? A quem interessa?
Fonte:
http://cpbmais.cpb.com.br/htdocs/periodicos/medmat/2014/frmd2014.html
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