"Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também
Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela," Efésios 5:25
" Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros", concordaram,
total ou parcialmente, 58,5% dos 3.810 entrevistados no estudo ”Tolerância
social à violência contra as mulheres”, realizado em maio e junho de 2013 pelo
Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) e divulgado nesta quinta-feira, 27. As mulheres
representaram 66,5% do universo de entrevistados, que foram questionados se
concordavam ou não com frases sobre o tema.
A
pesquisa aponta ainda que 65% dos entrevistados concordam com a afirmação:
“mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Dessa
forma, a violência contra a mulher pode ser encarada ”como uma correção. A
mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar. O acesso dos
homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se
comportar e se vestir ‘adequadamente’”.
No
levantamento, 91% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que
“homem que bate na esposa deve ir para a cadeia”; 78% concordaram totalmente
com a prisão para maridos que batem em suas esposas; 63% concordaram que “casos
de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da
família”; 89% tenderam a concordar que “a roupa suja deve ser lavada em casa”;
e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.
O estudo
considera paradoxal o fato de parte expressiva dos entrevistados concordarem
que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” e ao mesmo tempo
concordarem com a prisão do marido violento, o que pode ser entendido como
intromissão da “colher” do estado na briga do casal, tornando pública a
“lavagem de roupa suja”.
A
aparente contradição se desfaz, segundo a pesquisa, quando os entrevistados
mostram que aderem “majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal,
ainda que sob uma versão contemporânea. Nessa visão, embora o homem seja ainda
percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são
irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”. Quase
64% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser
a cabeça do lar”. Ao mesmo tempo, 89% discordam da afirmação de que “um homem
pode falar mal e gritar com sua própria mulher”.
Fonte/Base: Redação O Povo Online