"E uns soldados
o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém
trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo." Lucas 3:14.
Foi realizada, em julho deste ano, no vão do MASP, em São
Paulo, uma aula pública sobre a desmilitarização das polícias. Organizada pelo
Acampa Sampa, a atividade contou com a palestra do professor doutor Túlio
Vianna, que leciona a disciplina de Direito Penal na UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais) e defende a desmilitarização das polícias como uma forma de
reduzir a violência policial. Cerca de 100 pessoas participaram da aula
pública.
“Quando a gente fala em
desmilitarização da polícia, muita gente não entende o que estamos querendo
dizer. Acha que a gente quer que a polícia ande desarmada. Outros pensam que o
problema é a farda. Não tem nada disso. O problema do militarismo é que a sua
lógica é de treinar soldados para a guerra. A lógica de um militar é ter um
inimigo a ser combatido e para isso faz o que for necessário para aniquilar
este inimigo”, ponderou. “A polícia não pode ser concebida para aniquilar o
inimigo. O cidadão que está andando na rua, que está se manifestando, ou mesmo
o cidadão que eventualmente está cometendo um crime, não é um inimigo. É um
cidadão que têm direitos e esses direitos tem de ser respeitados”, defendeu
Vianna.
O professor de Direito Penal afirmou
que a violência começa no treinamento do policial, o que depois é refletido na
sua atuação ostensiva nas ruas dos grandes centros urbanos brasileiros.
“O treinamento da PM é absolutamente
violento. Ele é feito para ser violento. O sujeito passa em um concurso e é
submetido a rituais próprios do militarismo que retiram a sua individualidade,
muitas vezes por meio de humilhação. O que acontece, ele aprende desde cedo que
tem um valor a ser respeitado, a hierarquia, a obediência. Quando a sociedade
opta por uma polícia militar, o que essa sociedade quer é uma polícia que
cumpra ordens sem refletir. É claro que quando se dá um treinamento onde o
próprio policial é violentado, como vou exigir que esse indivíduo não violente
os direitos de um suspeito?”, questionou.
“A lógica dele é muito racional. Se
existe uma hierarquia, você tem um coronel, um capitão, um tenente e chega lá
no soldado. E quem está abaixo do soldado? Os únicos que estão abaixo do
soldado somos nós, os civis. E abaixo dos civis somente mesmo os ‘bandidos’,
‘marginais, ‘vagabundos’ e ‘subversivos’, ‘vândalos’ e ‘manifestantes’. Ou
seja, todo mundo, que na visão maniqueísta dele, vê como inimigo”, explicou
Vianna. “O policial aprende que o valor máximo não é o respeito aos direitos, à
lei, e sim a hierarquia, a obediência. ‘Manda quem pode, obedece quem tem
juízo’, é isso que ele aprende sempre”, completou.
Fonte
e matéria completa: http://camociminformados.blogspot.com.br/2013/12/a-militarizacao-nao-e-boa-para-o.html#more
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