Um dos livros que mais me impactaram em minha adolescência foi Ter ou Ser, de Erich Fromm. Como muitos outros, eu vivia em busca de uma identidade própria, e essa busca me permitiu compreender que o mais importante não é ter coisas, mas ser alguém. A sociedade em que eu vivia dava muita importância ao ter (uma boa casa, um carro espetacular, um título acadêmico, um trabalho bem remunerado), e não era essa a cosmovisão proposta por Fromm – tampouco por Jesus. Pude, então, aprender que não sou aquilo que possuo. Graças a Deus, somos muito, muito mais do que aquilo que possuímos.
Nossa sociedade atual tem ido um pouco mais além, e o verbo da moda é “usar”. Certamente você já observou que, cada vez mais, as pessoas não compram livros; elas os “baixam”. Depois, os usam e, finalmente, os deletam. Elas veem filmes on-line em suas smart TVs e estabelecem relações temporárias de amizade ou de intimidade por mero interesse. E “usar” é, infelizmente, um verbo muito relacionado com “descartar”. Costumamos descartar coisas, mas descartar pessoas é muito mais grave. Pense nas famílias e na facilidade com que se desintegram. Os casamentos são mais frágeis do que nunca porque, supostamente, o “amor morreu”. Os que empregam essa frase talvez devessem refletir se não seria mais honesto dizer que “esta relação não serve para os meus propósitos”. O mesmo acontece com o vínculo entre pais e filhos, que dependem cada vez mais de interesses pessoais, e esses nunca coincidem. Tais vínculos costumam reagir mais às transações entre usuários exigentes do que a uma relação pessoal.
Hoje, assim como no passado, devemos nos lembrar de que a mensagem de Jesus tem a ver com o ser e que devemos possuir menos, usar menos, para amar mais e ajudar mais. Não é apenas uma questão de espiritualidade. Nossa própria sobrevivência depende disso.
Ter consideração para com os outros é um desafio que nos é apresentado por um mundo carente de verdadeiros seres humanos. Sua missão, entre outras coisas, pode ser a de dizer ao seu vizinho que você se importa com ele, que Jesus o ama e que ele não faz ideia sobre o quão importante ele é para Deus. Sejamos mais do que temos. Façamos a diferença!
Fonte: https://mais.cpb.com.br/meditacao/ser-ou-usar/
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