Quando as Tuas palavras foram encontradas, eu as comi; elas são a minha alegria e o meu júbilo. Jeremias 15:16
Encarar os livros como “comida”, como disse Rubem Alves, é uma metáfora tão antiga quanto a própria Bíblia. O profeta Ezequiel relata o pedido de Deus para ele: “Filho do Homem, coma este rolo que estou lhe dando e encha o seu estômago com ele. Então eu o comi, e em minha boca era doce como mel” (Ez 3:3). Semelhante sugestão foi feita ao profeta João em Apocalipse 10, séculos depois.
Assim como uma refeição deve ter cheiro, gosto e beleza, um bom livro satisfaz os sentidos e nutre a alma. Para que isso ocorra, é necessária uma correta “mastigação” do conteúdo, ou seja, meditação no que se lê. Essa dica vale especialmente para o estudo da Bíblia, o livro que transforma corações.
É interessante notar que a palavra hebraica hagah, traduzida diversas vezes no Antigo Testamento como “meditar”, ocorre em Isaías 31:4 no contexto de um leão que “ruge” sobre a sua caça. Como sabemos, um leão não engole a presa, mas passa um bom tempo debruçado sobre ela, em deliciosa “meditação”. Ele usa dentes, língua, estômago e intestino para digerir o alimento. Assim deve ser a leitura da Bíblia. Precisamos “mastigá-la”.
Essa analogia me faz lembrar a história de Guilherme McPherson, o jovem que foi vítima de uma explosão em uma pedreira na África. Os médicos conseguiram salvar-lhe a vida, mas ficou sem braços e completamente cego. A grande frustração do rapaz era não poder mais ler a Bíblia por si mesmo, tendo sempre que depender da disposição dos outros.
Certa ocasião, Guilherme ouviu a experiência de uma senhora que, não podendo mais segurar a Bíblia, a beijou, despedindo-se dela. A ideia de encostar os lábios na Bíblia levou Guilherme a crer que ele mesmo poderia voltar a ler as Escrituras se tão somente usasse a ponta da língua para aprender o sistema braille de leitura para cegos. Foi isso que ele fez depois de muito esforço.
Seu amor por Deus era tão intenso que, mesmo com a língua machucada e sangrando, seguia meditando nas “sagradas letras”. Aos 65 anos, quando sua história foi escrita, ele já havia lido a Bíblia quatro vezes.
Hoje você tem a Bíblia ao seu alcance. Saboreie as suas páginas. “Coma” as Escrituras, e você ficará realmente satisfeito.
Fonte: https://mais.cpb.com.br/meditacao/coma-o-livro/
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