terça-feira, 24 de maio de 2022

O ENGANADOR ENGANADO

 Esaú disse: – Não é com razão que ele se chama Jacó? Pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora tomou a bênção que era minha. E perguntou: – Então o senhor não reservou nenhuma bênção para mim?” (Gn 27:36).

Leia Gênesis 29:1-30. Como Labão enganou Jacó? Por que Deus permitiu isso? Que lições Jacó aprendeu com essa experiência?

A primeira coisa que Jacó viu ao chegar ao seu destino foi uma pedra, talvez uma alusão à pedra de Betel, cujo significado era a presença divina (Gn 28:18, 19). Afinal, foi essa pedra que deu a Jacó a oportunidade de interagir com Raquel. Quando ouviu dos pastores que Raquel estava vindo com suas ovelhas para dar água ao rebanho, exortou que rolassem a pedra. Eles não o fizeram, o que deu a Jacó a oportunidade de fazer isso ele mesmo e de se apresentar a Raquel (Gn 29:11).

A reação dela foi correr até sua família. Esse primeiro contato entre Jacó e Raquel foi produtivo: “Jacó amava Raquel” (Gn 29:18), tanto que os sete anos que trabalhou para Labão em troca dela foram como “poucos dias” (Gn 29:20).

Contudo, após esses sete anos, Jacó foi enganado. Na noite do casamento, ele encontrou Lia em sua cama, a irmã mais velha, e não Raquel. Tirando vantagem da confusão da festa e da intensa emoção e vulnerabilidade de Jacó, Labão executou esse plano. Curiosamente, Jacó usou a mesma raiz da palavra “enganar” (Gn 29:25) que Isaque havia usado para caracterizar o comportamento de Jacó para com o próprio pai e para com seu irmão (Gn 27:35).

O mesmo pensamento está implícito na lex talionis (“lei da retaliação”), “olho por olho, dente por dente” (Êx 21:24; Gn 9:6), que forçava o culpado a se identificar com sua vítima no sentido de que ele sofresse o que a vítima tivesse sofrido. Portanto, o que Jacó tinha feito a outra pessoa, fizeram a ele.

Jacó então entendeu o que era ser enganado. Ironicamente, Deus ensinou Jacó sobre seu próprio engano por meio do engano de Labão. Embora, como “enganador” (Gn 27:12, ARC), Jacó soubesse bem o que significava isso, ele se surpreendeu quando foi vítima. Assim, perguntou: “Por que [...] o senhor me enganou?” (Gn 29:25), o que mostra que ele sabia que enganar era errado.

Embora Jacó fosse enganador, ele mesmo foi enganado. Como confiar em Deus quando não vemos “justiça”, quando pessoas que praticam o mal se livram das consequências e quando os inocentes sofrem?

Fonte: https://mais.cpb.com.br/licao/jaco-o-enganador-2/

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