domingo, 20 de fevereiro de 2022

DO OUTRO LADO DO MURO

 Mas você [...] fuja de tudo isso. Siga a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 1 Timóteo 6:11

Logo que começou a pandemia, minha família teve oportunidade de participar de um resgate emocionante. No terreno em que meu sogro tinha feito uma horta, uma gatinha havia dado cria. Não sabíamos ao certo quantos gatinhos eram, pois toda vez que chegava alguém, eles corriam e se escondiam debaixo de entulhos. Já estavam com cerca de um mês quando soubemos que a mamãe gata tinha sido morta. Os filhotes teriam muita dificuldade para sobreviver sozinhos. Então decidimos salvá-los, cuidar deles e achar donos para os felinos que — soubemos posteriormente — eram três: dois machos e uma fêmea. Bem, esse era o plano. No primeiro dia em casa, meu filho mais velho colocou nome em cada um deles. E aí, você pode imaginar. Ficamos com os três!

A fêmea era a mais curiosa deles. Apesar de ter um espaço bem amplo no quintal e na edícula da nossa casa, ela sempre estava procurando outros territórios para explorar. Em um sábado à noite, percebi que ela estava em cima do muro, no fundo da casa. Com a ajuda de uma escada, consegui pegá-la. Enquanto a colocava na caminha macia, conversei com ela e lhe disse que não devia fugir. Ali, tinha tudo de que ela precisava: carinho, alimento e um lugar seguro, além da convivência com seus irmãozinhos. Mas parece que minhas palavras não foram muito convincentes. No dia seguinte, ela havia sumido.

Suspeitamos de que ela tivesse caído do outro lado do muro e não conseguiu voltar, pois era muito alto. Então meu filho mais novo e meu pai partiram para a missão de tentar encontrá-la. Voltaram tristes. Disseram que a área era muito grande. Tinham visto vários gatos e cachorros por lá, mas nada da nossa gatinha.

Por dois dias ainda a procuramos pela vizinhança, mas nem sinal dela. À noite, quando cheguei em casa de um compromisso, meu filho mais velho estava terminando de desenhá-la. Disse que era para ter uma recordação dela. Aquilo partiu o meu coração. Orei com toda a sinceridade e fui bem pertinho do muro. Eu já havia imaginado que talvez Deus quisesse ensinar uma lição com aquela experiência. Então a chamei pelo nome, e ouvi um miado bem fraquinho do outro lado do muro. Para resumir a história, às 10h da noite ela foi resgatada pela segunda vez. Estava suja, assustada, arrependida… Mas salva!

Hoje tenho certeza de que a lição não foi só para ela.

Neila D. Oliveira

Fonte: https://mais.cpb.com.br/meditacao/do-outro-lado-do-muro/

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