Não existe feitor bom.
YAHWEH do céu olha contra os filhos dos homens
para ver se existe sábio procurador de DEUS.
Todos apóstatas juntos são corruptos.
Não existe feitor bom não existe nem um.
(Salmos 14:1-3).[1]
YAHWEH do céu olha contra os filhos dos homens
para ver se existe sábio procurador de DEUS.
Todos apóstatas juntos são corruptos.
Não existe feitor bom não existe nem um.
(Salmos 14:1-3).[1]
Os três primeiros versos do Salmo 14 iniciam revelando
contrastes entre o tolo e o sábio. Apesar do salmo começar com a fala do tolo
negando a existência de DEUS, essa negação não é feita abertamente, como fica
claro pelo uso do substantivo prefixionado בְּלִבֹּו (no coração). O salmista
aponta que o tolo não sai pelas ruas gritando para todos ouvirem que DEUS não
existe, mas ele o diz para si mesmo. Ele nega a existência de DEUS dentro do
seu coração. Ainda no primeiro verso do poema há uma conexão entre a fala do
tolo com o ato de se corromper. Essa conexão parece ressaltar que a negação de
DEUS, feita pelo tolo, não está operando no nível das palavras, mas no nível
das ações, isto é, o tolo nega a DEUS através do que ele faz.
Neste salmo vê-se uma forte conexão entre o pensar e o
agir. O que o tolo, segundo o salmo, pensa, tem influencia sobre o que ele
faz. De modo contrário, se o tolo se envereda por caminhos corruptos e
perversos, ele nega a realidade de DEUS. Nesse sentido, a pergunta
levantada seria, “quem é o tolo?”. A resposta é bem simples, qualquer
pessoa. Inclusive quem se auto-intitula parte do povo de DEUS (como inclusive
parece ser um dos principais alvos da crítica do salmista). Afinal, como
esperar ações de quem não conhece a DEUS? Aquele, no salmo, parece conhecê-lO,
O nega através do que faz. Ele não é um ateu por profissão, mas alguém que em,
através de suas ações, nega a DEUS. Desta forma, o final desse primeiro verso
revela que a realidade das coisas caminha no sentido contrário do que pensa o
tolo, pois não é DEUS que não existe, mas “alguém que faça o bem”.
O segundo verso do salmo começa com uma oração que é o
inverso da fala do tolo. Ele tem a função de aproximar e introduzir
ironicamente que a visão do tolo é totalmente equivocada. Essa reversão nas
duas construções é comprovada pela relação da expressão אֵין (não existe),
usado na fala do tolo, e הֲיֵשׁ (se existe), que aparece no verso 2 como vista
ao olhar de DEUS. Ao ligar a ação do tolo com a de DEUS, o salmista ressalta o
contraste. O ‘tolo’ fala em seu coração que “não existe”, mas esse que, segundo
o tolo “não existe” olha do céu. Um insensato aponta o seu dedo para o céu e
afirma: “Não existe Deus” (verso 1). DEUS, o criador de toda a vida, olha para
baixo (verso 2) e constata que o que de fato não existe é alguém que faça o bem
(verso 3).
O salmista continua o verso 2 apresentando o objetivo do
olhar de DEUS: “Para ver se há quem entenda”. A palavra traduzida por “quem
entenda” é מַשְׂכִּיל, pode significar: sábio, entendedor, alguém que reflete.
Desse modo, o objetivo do olhar de DEUS é ver se existe algum sábio dentre os
homens. O poeta usa o paralelismo para demonstrar que o מַשְׂכִּיל (sábio), não
é simplesmente alguém muito inteligente ou vivido, mas alguém que busca a DEUS.
O veredito é encontrado no terceiro verso do Salmo:
“todos apóstatas/juntos são corruptos”. Esta é uma triste afirmação de que
entre todos no mundo não há ninguém que seja sábio, ninguém que busque a DEUS.
Esta verdade fica ainda mais evidente pela última linha desse versículo: “não
existe feitor bom/não existe nem um”.
O autor do salmo 14 através da relação entre a
forma e o conteúdo transmite uma mensagem de juízo divino. Essa mensagem revela
que enquanto homens tolos vivem na terra pensando e agindo como se não
houvesse um DEUS no céu, esse DEUS olha para os filhos dos homens com o intuito
de prová-los, de julgá-los. DEUS olha a humanidade a procura de homens que
O busquem, homens que sejam sábios. Mas a constatação a que Ele chega é
que não há nenhum justo sequer, que todos os homens se corromperam, que
juntos eles são corruptos.
Essa constatação aponta para um fato muito
interessante: até mesmo aqueles que se auto-intitulam povo de DEUS são por
Ele considerados corruptos. Como então pode haver justo? A resposta é que,
apesar de todos terem se corrompido, ainda existem alguns que tentam buscar ao
Senhor. Por mais que os homens sejam maus, DEUS tem compaixão deles. Só o
que Ele pede é que o justo O busque. DEUS é a fortaleza daqueles que O buscam.
Leonid
Primo
Fonte: http://terceiramargemdorio.org/texto/164/
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