A quitanda era o mercadinho da esquina do bairro. Ali o
freguês era sempre atendido pelo dono, sua esposa ou algum dos seus filhos. Ele
nos conhecia perfeitamente. Perguntava pela saúde do pai, reclamava do sumiço
da tia, queria saber do estudo dos filhos, e sempre sobrava um tempinho para
jogar conversa fora. Era um estabelecimento pequeno que existia apenas para
atender a vizinhança. Não estava preocupado com a concorrência, não havia
espírito competitivo. A quitanda tinha um caráter eminentemente familiar. Não havia grandes novidades,
os produtos eram sempre os mesmos. Na verdade, as pessoas nunca iam ali em
busca de novidades, queriam apenas o básico, o essencial. Era um lugar
prazeroso, familiar, alegre e sempre cheio de amigos.
Surge então o supermercado e os grandes hipermercados. Não se
estabelece mais na vizinhança, mas em lugares mais estratégicos. A freguesia é
sempre estranha, ninguém conhece mais ninguém. Isso na verdade, para o
supermercado pouco importa porque as pessoas que vão ali não passam de
consumidores. O dono ou gerente nunca está por perto. Eles não conhecem você e parece
que não fazem questão de conhecê-lo.
No supermercado, o básico não é o mais importante; mas o supérfluo
é que toma conta dos principais setores e prateleiras, com a intenção de
seduzir os compradores. Usam muita propaganda para criar e induzir a novas
necessidades. Os apelos sempre são voltados para as emoções, para a autoafirmação
de homens e mulheres carentes. Que tempo é este que vivemos?
Fonte: Renovando minha paixão pela igreja – p.15 – Sermão do sábado 06/11/1999.
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