"Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?" Mateus 7:3
Creio que Cristo foi o inventor do método audiovisual, o qual envolve som e imagem. Como em Seu tempo não havia projetores de
slides, DVDs
e gravadores, Ele falava de tal modo que o povo, ao ouvir, criava na
própria mente as imagens. E assim, as lições de Cristo se tornavam
inesquecíveis.
Certa vez, um pai de família estava lendo o capítulo 7 de
Mateus, no culto familiar, quando, sem razão aparente, o filho menor, de
quatro anos, desatou a rir. O pai o repreendeu, dizendo-lhe que o
culto era um momento sagrado e, portanto, não era hora de rir. Mas o
menino, mal podendo se conter, explicou que achara engraçado o texto
que o pai acabara de ler. O pai releu o texto e descobriu que, de fato,
a passagem continha uma boa dose de humor, que ele jamais havia
percebido: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não
reparas na trave que está no teu próprio?”
As crianças alegres reconhecem facilmente o caráter absurdo de
qualquer coisa, e as coisas absurdas as fazem rir. E aí estava algo
duplamente absurdo: um indivíduo com um poste atravessado no olho,
procurando um cisco no olho de seu irmão. Com tal ilustração vívida, as
multidões jamais se esqueceriam da lição que Cristo quis ensinar:
ninguém deve julgar o outro. Só quem estiver sem pecado tem o direito
de procurar faltas nos outros.
Outro absurdo explorado por Cristo: “Ninguém, depois de
acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama;
pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram
vejam a luz” (Lc 8:16).
Nesta passagem há também um duplo absurdo. O primeiro, é que
um lampião debaixo de uma cama não ilumina a sala; e o segundo é que,
pelo fato de ele ter uma chama viva, certamente queimaria o colchão.
Há, portanto, um toque de humor nesse exemplo, através do qual
Cristo ensinou que nenhum mistério ou segredo importante para a
salvação deve ser ocultado daqueles que se dispõem a ouvir.
Já dissemos que as crianças se divertem mais facilmente do que
os adultos, pois são capazes de reconhecer mais prontamente o caráter
absurdo de certas coisas. E se reconhecermos que Cristo era um homem
bem humorado, descobriremos uma profundeza ainda maior em Sua afirmação
de que “quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira
nenhuma entrará nele” (Mc 10:15).
Que Deus conserve em nós o espírito inocente de uma criança, que é um traço de todo herdeiro do reino.
Fonte: Meditações Diárias 2010