Um dia Jaime entrou em casa todo transtornado pelas ofensas recebidas de um colega.
- Se pudesse, eu o mataria – disse ao pai.
Enquanto ele se desabafava raivosamente,
o pai o levou até o quintal onde havia uma camisa branca secando ao
sol. Pegando um saco de carvão que guardava para um churrasco, disse ao
menino:
- Você está vendo aquela camisa branca
no varal? Imagine que ela é o Pedrinho que ofendeu você, e que cada
carvão neste saco é um mau desejo que você atira nele. Quero que atire
na camisa todos os carvões deste saco. Depois voltarei para ver como
ficou.
O menino começou a atirar os carvões
como se fosse um brinquedo. Mas como o varal estava longe, poucos
acertaram na camisa. Após uma hora o pai voltou e perguntou:
- Filho, como você se sente?
- Cansado mas acertei alguns carvões na camisa.
- Agora venha comigo até meu quarto, e coloque-se diante daquele espelho grande que pega o corpo inteiro.
Assim ele fez. Viu-se todo todo preto por causa do pó do carvão , e só se viam os dentes e os olhos. Então o pai lhe disse:
- A camisa estendida no varal,
representa o menino com quem você brigou. Os carvões que você jogou,
sujaram a camisa, mas pouco. Você ficou muito mais sujo. Quem reage às
ofensas, perde mais do que ganha. Perdoem-se mutuamente e tudo se torna
limpo. O mal que desejamos aos outros,
retorna para nós e se multiplica em nós: A gente sofre mais, suja-se
mais, perde amigos, perde o sono, entristece o bom Deus.
Autor desconhecido
Colaboração: Carlos E. Della Justina
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