Dá-me,
filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus
caminhos. Provérbios 23:26
Num
país distante, bem diferente do meu e do seu, vivia um velho homem.
Ele era muito rico e tinha vários filhos, mas nenhum deles morava em
sua casa, pois estavam espalhados por todos os lugares da Terra.
Quando
o natal daquele ano se aproximava, o velho homem separou do melhor
que havia em seus bens e enviou para cada um de seus filhos. Junto
com cada presente, mandou uma carta, falando o quanto amava e sentia
saudade de todos. No fim da carta, o velho pai dizia: “Filho, nesta
caixa, envio-lhe o que há de mais precioso para mim. Neste natal, eu
também gostaria de receber um precioso presente seu.”
Os
pacotes coloridos e as cartas de amor foram espalhados por todo o
vasto mundo, chegando até a casa de cada um de seus filhos. Alguns
receberam com alegria e guardaram para si o presente do pai. Outros
venderam o presente e fizeram dinheiro com ele. Outros esconderam
para que ninguém visse e alguns deixaram no melhor lugar da casa,
para que todos que nela entrassem pudessem contemplar a beleza sem
igual do presente do pai. Houve até alguns que sequer abriram as
belas caixas, ou leram a carta de amor, pois ou não amavam mais o
pai, ou estavam muito ocupados para isto.
Quanto
às últimas linhas daquela carta, alguns filhos fingiram que não as
leram. Um deles até racionalizou: “Meu pai não precisa de nada de
mim, pois é homem rico e já possui tudo o que há abaixo do céu e
acima da terra.”
Houve,
também, vários tipos de respostas: presentes diversos, enviados por
mensageiros; cartas cheias de promessas e de palavras – uma delas
dizia “Eu também lhe amo, pai. Um dia desses vou até sua casa,
para conversarmos.” Outra falava: “Preciso confessar que ainda
não compreendo as coisas que faz. Não tenho vontade de falar com
você, muito menos de chamá-lo de pai.”
Porém,
um dos filhos, chamado João, ao receber a carta e amar o presente,
ficou aflito, pois não tinha nada para dar ao velho pai. Era pessoa
pobre e mal conseguia prover o próprio sustento. Leu novamente cada
linha da carta de amor e chorou, pois queria muito presentear-lhe com
algo de grande valor. Pensou em escrever ao pai, mas seria vergonhoso
confessar, por um mero escrito, que não tinha nada para oferecer.
João
vendeu, então, o pouco que tinha e saiu pela na estrada. Iria até a
casa do pai para dizer-lhe, pessoalmente, que não possuía nada de
valor para recompensar-lhe o grande amor. A viagem foi longa e
difícil, sofrendo com calor do dia e com o frio da noite. A fome foi
uma companheira constante e o desânimo parecia estar vencendo a cada
dia.
Apesar
da dura viagem, João lembrava-se sempre do sorriso do pai e de
quanto era amado e de quanto o amava. Isso o fazia se levantar e
caminhar novamente.
Certo
dia, quando já não tinha mais forças para continuar, um homem lhe
encontrou e disse: “Eu conheço seu pai. Sei quem ele é e também
sou um servo dele.” Após essas palavras, o homem dividiu o pão
com o viajante, deu-lhe um pouco de seu dinheiro e cobriu-lhe com seu
próprio manto. João pode, assim, continuar sua jornada.
Quando
finalmente alcançou a colina onde a grande casa do pai estava, João
sentiu medo. Será que o velho homem o receberia daquele jeito, sujo,
maltrapilho e de mãos vazias?
Enquanto
o viajante ainda pensava, o pai, da varanda da grande casa, o
avistou. Veio em sua direção e o abraçou e o beijou entre
lágrimas, chamando-lhe pelo nome: “Meu João! Você veio! Toda a
minha casa, toda a minha terra, tudo o que tenho, agora pode ser
seu!”
-
Vim de mãos vazias, meu pai – disse João, desviando-se do olhar
sorridente do velho homem. – Vim para dizer que nada tenho para
retribuir todo seu amor. Eu não trouxe nenhum presente precioso para
lhe dar, querido pai.
O
homem deu um sorriso quente e atrás dele brilhou o sol poente,
lançando raios vermelhos por entre as madeixas de cabelos brancos
que pareciam, agora, serem chamas incandescentes.
-
Você, meu filho, é o meu presente mais precioso.
Fonte/Base:
http://denis-cruz.blogspot.com.br/
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