Já vi esse filme na década de 1980, no “Diretas Já” e, depois, nos anos 90, com os “caras-pintadas”, que resultou no impeachment de Fernando Collor. Aliás, o “filme” é bem mais velho. Corrupção, exploração e insatisfação com governantes, vêm de longe. Miquéias, por exemplo, viveu uns 700 anos antes de Cristo e já manifestava-se contundentemente sobre o desaparecimento da piedade e a opressão aos pobres. “Os piedosos desapareceram do país; não há um justo sequer” (Mq 7:2).

se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (1:1-4).
Habacuque não recebeu muitas explicações do Senhor (capítulo 2). Destaco, porém, a ênfase da garantia escatológica na resposta divina. O fim vai chegar no tempo determinado, tudo “se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará” (2:3).
Quanto a Miquéias, perceba que a dor do profeta é a mesma do próprio Deus: “Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus. Todos se desviaram… não há ninguém que faça o bem, não há nem sequer um” (Sl 53:2).
Para Habacuque o estímulo foi a confiança e perseverança: “o justo viverá pela sua fé” (2:4). O foco deveria estar mais alto, nas promessas de Deus! Já Miquéias, depois da manifestação verborrágica, acalmou sua expectativa “revolucionária”: “Quanto a mim, ficarei atento… esperando em Deus, o meu Salvador, pois o meu Deus me ouvirá” (7:7).

A simpatia por esses movimentos (sem a companhia da violência) não ilude meu coração de que o Brasil, ou qualquer outro país, será integralmente justo e igualitário. Não é pessimismo. É profético. Nossa Pátria é outra, “superior, uma pátria celestial” (Hb 11:16). Um novo tempo justo, perfeito, igualitário no mais absoluto sentido da palavra, isento de dor, sofrimento ou opressão de qualquer tipo.
Como brasileiro, devo buscar o melhor, lutar pelo melhor, defender não apenas os meus direitos como também os de meu próximo, preservar o meio-ambiente, ser um cidadão atuante e digno do lugar onde vivo, porém, o foco primordial deve estar finamente ajustado no que realmente vai fazer a diferença e a mudança. Agora, se isso aos meus olhos finitos demorar, vou esperar pacientemente, como Miquéias. E, atentíssimo, pela fé, como Habacuque! Afinal, não tardará!
Amilton Menezes
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